quarta-feira, 27 de junho de 2012

Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos (1884-1914) nasceu em Pau D'Arco, na Paraíba, estudou Direito em Recife e viveu no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Depois de exercer a profissão de advogado, foi promotor e professor de literatura.
Como poeta, produziu textos de grande originalidade. Considerado por alguns como poeta simbolista, Augusto dos Anjos é na verdade representante de uma experiência única na literatura universal: a união do Simbolismo com o cinetíficismo naturalista. Por isso, dado o caráter sincrético de sua poesia, convém situá-lo entre os pré-modernistas.
Os poemas de sua única obra, Eu (1912), chocam pela agressividade do vocabulário e pela visão dramaticamente angustiante da matéria, da vida e do cosmos. Compõem sua linguagem termos até então considerados antipoéticos, como escarro, verme, germe, etc. Os temas são igualmente inquietantes: a prostituta, as substâncias químicas que compõem o corpo humano, a decrepitude dos cadáveres, os vermes, o sêmem, etc.
Além dessa " camada científica ", há na poesia do autor a dor de ser dos simbolistas, marcada por anseios e angústias existencias, provável influência do pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.
Para o poeta, não há Deus nem esperança; há apenas a supremacia da ciência. Quanto ao homem, as substâncias e energias do universo que geraram, compondo a matéria de que ele é feito - carne, sangue, instinto, células-. tudo fatalmente se arrasta para a podridão e para a decomposição, para o mal e para o nada.
Em síntese, a poesia de Augusto do Anjos é caracterizada pela união de duas concepções de mundo distintas: de um lado, a objetividade do átomo; de outro, a dor cósmica, que busca descobrir o sentido da existência humana.

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