quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lima Barreto

O escritor carioca Lima Barreto ( 1881-1922) é hoje considerado um dos principais romancistas brasileiros, embora sua importância literária tenha sido reconhecida aos poucos e se firmado apenas nas últimas décadas. Mulato, pobre, orgulhoso de suas origens, ferino e severo em suas críticas, alcoólatra e subversivo, Lima Barreto foi incompreendido pela crítica de seu tempo e alcançou em vida apenas uma relativa popularidade.
Além do preconceito de que sempre foi vítima, por ser mulato e alcoólatra, sua distância em relação ao grupo paulista que daria início á revolução modernista na literatura enas artes também pode explicar seu ofuscamento como escritor.
Lima Barreto foi um dos poucos em nossa literatura que combateram o preconceito racial e a discriminação social do negro e do mulato. Essa abordagem está presente, por exemplo, nos romances Clara dos Anjos, Vida e morte de M.J Gonzaga de Sá e no quase autobiográfico Recordações do escrivão Isaías Caminha.Escreveu ainda um curioso romance, Cemitério do vivos, que ficou inacabado, resultado de suas observações e reflexões nas duas vezes em que, por alcoolismo, esteve internado num hospício.
Em 2004, foi publicada Toda crônica, obra em dois volumes que reúne 435 crônicas de Lima Barreto escritas entre 1900 e 1922, ano de sua morte.No ano seguinte, ocorreu a primeira publicação de Cemitério dos vivos.
Escritor de seus tempo e de sua terra, Lima Barreto anotou e registrou, asperamente, quase todos os acontecimentos da República. Embora no plano pessoal fosse conservador em relação às novidades trazidas pela modernidade, como o cinema, os arranhas-céus e o futebol. em sua obra registra de forma crítica os episódios da insurreição antiflorianista, a campanha contra a febre amarela, a política de valorização do café, o governo do marechal Hermes da Fonseca, a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial, etc.
A paixão de Lima Barreto por sua cidade, o Rio de Janeiro, com seus subúrbios, sua gente pobre e seus dramas humildes, também está presente nas obras do escritor, assim como a crítica a figuras da classe média que lutam desesperadamente para ascender socialmente ou a políticos da época, sarcasticamente retratados, pela mania de ostentação, pelo vazio intelectual e pela ganância.

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