quinta-feira, 28 de junho de 2012

Frederico Paciência - Mario de Andrade

Juca na fase escolar conhece Frederico Paciência, os dois se aproximam e se tornam grande amigos. A amizade de Juca e de Frederico gera boatos devido ao fato que os dois só ficavam       juntos, um garoto apanhou dos dois meninos porque insinuou algo. Foi a glória para Juca. Outra vez, os dois partilharam a posse momentânea de um livro sobre a história da prostituição. Era uma intimidade num campo perigoso, sexualidade, ao mesmo tempo que gerara remorso em Juca, pois, com tal livro, havia contribuído para macular a imagem solar e pura do amigo.

E por aí os dois vão, deliciando-se em passear abraçados da casa de um para a casa de outro, a ficar no sofá, cabeças unidas. Era um recalque, assim como o era a maneira como se deliciavam em discutir e se agredirem. Mas queriam apenas intuir a sensualidade, sem jogar para o consciente. Qualquer tentativa em contrário era reprimida.

Um dia, velório do pai de Frederico, os dois tiveram um momento mágico de sedução. Depois de expulsar um homem preocupado, como abutre, com negócios ligados ao falecimento, Juca e seu amigo vão para o quarto. Frederico fica conversando na semi-escuridão. Juca perde-se admirando os lábios carnudos de seu amigo, deitado. Percebendo o lance, Frederico pára de conversar e levanta-se da cama. Falta pouco, percebe-se, para os dois entregarem-se.

No entanto, a lembrança do pai, ainda sendo velado, parece impor-se entre os dois, esfriando completamente o clima. A partir de então, a amizade muda de rumo, perdendo a intensidade.

Por fim, o tanto vira nada. Terminado o colégio, separaram-se, Frederico indo para o Rio. Anos depois, Juca fica sabendo da morte da mãe de seu antigo amigo. Era a grande chance de reatar tudo, sob o pretexto de consolar o necessitado. Mas termina por mandar um telegrama formal, o que arrefece de vez todo o relacionamento.

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